O projeto “Público”, dirigido por Adriana Grechi, teve início em janeiro de 2010 com uma oficina de criação onde mais de cem dançarinos se inscreveram. Nesta oficina, com duração de quatro dias, foram selecionadas cinco dançarinas-criadoras com formações bem diversas para participar do projeto.
A proposta era compartilhar algumas questões, procedimentos e ferramentas de criação em dança em uma experiência colaborativa envolvendo diferentes etapas de pesquisa e criação.
O projeto tinha como foco discutir ficção, realidade e representação através da invenção, apropriação e exposição de “estados corporais” pessoais, expondo assim, aspectos da própria intimidade.
O ponto de partida foi a seguinte pergunta: Por que eu faço dança? Histórias de dança (e vida) de cada participante foram revisitadas, isto é, reinventadas.
Guiados pela questão inicial, os repertórios pessoais de movimento foram selecionados e elaborados a partir de uma série de improvisações dirigidas.
Textos relacionados a estes repertórios foram anotados em diários de trabalho. Estes mesmos cadernos são vasculhados em cena por uma câmera de vídeo manipulada pelas dançarinas. As imagens captadas são projetadas em tempo real, proporcionando outras informações sobre suas experiências relacionadas à dança.
“Público – 3 atos e um livreto” é uma autoficção* composta por cinco solos que acontecem simultaneamente. As memórias de dança das criadoras se misturam possibilitando a invenção de outras histórias no momento da cena. A proposta em Público é a constante reconstrução coletiva da própria história intensificando a experiência presente e possibilitando novos significados.
*autoficção: termo criado em 1977 pelo escritor Serge Doubrovsky que define obras pontuadas por dados autobiográficos do autor, onde o que importa é a aventura da linguagem.